NOSSO PADROEIRO


A VIDA DE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA 
Igreja de Santo Antônio - Lisboa
construída sob o local onde 
nasceu Santo Antônio


Santo Antônio de Pádua, (Lisboa, 15 de agosto de 1195 – Pádua, 13 de junho de 1231), nascido Fernando Martin de Bulhões e Taveira de Azevedo filho de Martim Afonso de Bulhões e filho da fidalga D. Maria Teresa Tavera Azevedo, descendente de Fruela, rei das Astúrias. Também é conhecido como Santo Antônio de Pádua, por ter vivido e falecido nessa cidade Italiana. 


OS PRIMEIROS ANO

Igreja de Santo Antônio em Lisboa,
construída sob o local do nascimento
do santo


Filho mais velho de uma família nobre, seu pai era Cavaleiro do Rei de Portugal e descendente Godofredo de Bouillon, Conde de Flandres e  um dos senhores feudais participantes da primeira Cruzada. A residência da família nobre era perto da catedral de Lisboa, onde fora batizado e teve sua primeira educação espiritual pelos cânones da catedral. Em 1210, com a idade de quinze anos, ingressou na Ordem dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho da abadia de São Vicente de Fora, Lisboa, transferiu-se para o Mosteiro da Santa Cruz, Coimbra, em 1212.



O INGRESSO A VIDA FRANCISCANA

O martírio de cinco franciscanos decapitados em Marrocos, e a chegada das relíquias dos mártires em Coimbra no ano de 1220 levou Fernando a trocar as regras de Santo Agostinho pelo espírito de evangelização da Ordem Franciscana, recolhendo-se no Eremitério dos Olivais de Coimbra recebendo o burel franciscano e deixa para trás seu nome e acolhe Antônio, ou seja Frei Antônio,  recebeu este nome devido ao padroeiro do conventinho do frades menores em Coimbra. A palavra Antônio significa “altitonante” (que troveja nas alturas, retumbante, estrondoso, estrepitoso: que soa alto, altissonante).

Ermitério dos Olivais - Coimbra
Logo em seguida vai para Marrocos para evangelizar os pagãos, mas devido a uma grave doença seus superiores solicitaram seu regresso a Portugal.


O SOPRO DE DEUS

Durante a viagem uma forte tempestade arrastou o barco para as costas da Sicília, assim permanecendo na Itália, onde se destacaria como um exímio teólogo e grande pregador com zelo e eloquência. Em 1222 assistiu ao Capítulo Geral da Ordem, em Assis, onde conheceu Frei Francisco de Assis, que o convidou a fazer parte da Ordem. Em março do mesmo ano, em Forli, dissertou para religiosos franciscanos e dominicanos de forma tão fluente e admirável que Frei Francisco de Assis o nomeou o Primeiro Leitor de Teologia da Ordem e o destinou de imediato à evangelização e difusão da doutrina.


A VIDA APOSTÓLOCA E MISSIONÁRIA

De 1922 a 1224 fixou-se em Bolonha onde se dedicou ao ensino da Teologia e à pregação, nomeadamente contra as heresias dos Cátaros, Patarinos e Valdenses, o que lhe valeu o título de incansável martelo dos hereges. Seguiu depois para o sul da França com o objetivo de pregar contra os Albigenses e em 1225 ensinou Teologia em Montpellier e em Toulouse, pregando em Puy e em Limonges.
Na mesma época foi-lhe confiada à guarda do Convento de Puy-em-Velay e teria à sua guarda igualmente a Província de Limoges, por escolha dos frades da Província. Dois anos mais tarde instalou-se em Marselha, mas brevemente seria escolhido para Provincial da Romanha.
Em Outubro de 1226 morreu Frei Francisco de Assis e Frei Antônio volta à Itália para assistir ao Capítulo da Ordem em Assis, sendo nomeado Provincial da Itália Setentrional, e a canonização de São Francisco em 1228. Neste ano Frei Antônio prega para o Papa Gregório IX na Basílica de São João de Latrão em Roma. O Papa deu a ele ordem para por de lado todas os seus outros deveres, e continuar a sua pregação. Logo após deslocou-se a Ferrara, Bolonha e Florença, ainda foi para Varese, Bréscia, Milão, Verona e Mântua. Esta atividade absorvia-o de tal maneira que passou a dedicar-se exclusivamente a ela. Fixando-se em Pádua, reformou a cidade, acabou com a prisão de devedores e ajudou os pobres.

Em 1230 no Capítulo da Ordem em Assis desiste de seu posto como ministro provincial, e é enviado a Roma para resolver junto ao Papa Gregório IX os rumos da Ordem, segundo as vontades de São Francisco de Assis.

Em 1931 foi enviado a Pádua onde continuou suas pregações durante a Quaresma ocorrida de 06 de fevereiro a 23 de março de 1231, neste período Frei Antônio tinha tanta popularidade e procura por parte dos fiéis que se acumulavam multidões ao seu redor, e até os comerciantes fechavam suas lojas para ir ouvi-lo, a cidade e toda a redondeza literalmente paravam.  Sendo pequenas as igrejas para tanta gente, às vezes chegava a juntar-se até 30 mil pessoas num só sermão, ele falava nas praças públicas. Quando terminava era necessário fazer um cordão de isolamento ao seu redor para protegelo das pessoas que vinham beijar-lhe a mão, tocar-lhe o hábito e em certas vezes tentar pegar pedaços de suas vestes. O número de sacerdotes que o acompanhavam era pequeno para depois ouvirem as confissões dos que, tocados por seu sermão, queriam emendar-se de vida.
Seus sermões eram seguidos de milagres como não se viam desde o tempo dos Apóstolos. Praticamente não havia coxo, cego ou paralítico que, depois de receber sua bênção, não ficasse são. Numa ocasião converteu 22 ladrões, que por curiosidade foram ouvi-lo. O número de hereges por ele convertidos não tem fim.


A MORTE DE SANTO ANTÔNIO

Esta Quaresma foi muito desgastante e por vezes Frei Antônio passou mal e sentiu-se cansado e esgotado, precisava de repouso. Dedicou-se a escrever os "Sermões Dominicais", e no ano seguinte os “Sermões Festivos”. Em junho de 1231, Frei Antônio juntamente com dois irmãos foram para um retiro na floresta de Camposampiero, a dezoito quilômetros de Pádua, por um período de meditação e descanso.  Os frades fizeram para ele um quarto em cima de uma árvore, mas mesmo assim o povo o procurava e Frei Antônio já muito debilitado falava ao povo de cima de uma nogueira. Frei Antônio estava muito doente, tinha hidropisia (Barriga d’agua) e asma, seus últimos dias foram vividos num lugar de vida de oração dos frades, um eremitério, em Camposanpiero, na zona rural, a uns dezoito quilômetros de Pádua. Aproximava-se o verão e o clima em Camposampiero era mais ameno, como também a tranqüilidade e a solidão para o encontro com Deus na oração e na meditação. 
Santuário da Nogueira - Camposampiero
Construído sob a árvore em que
Santo Antônio se abrigou
Era tarde demais para recuperar as forças e restabelecer-se corporalmente. O seu sofrimento era grande com a hidropisia e a asma e provavelmente diabetes. Isto não poupou seu corpo, seu tempo e sua vida. Quando o quadro de sua saúde piorou, a seu pedido levaram-no para Pádua. Agasalharam Frei Antônio e o colocaram em um carro puxado por bois, precisava ficar sentado, pois sofria de falta de ar. 
A viagem era longa e Frei Antônio foi piorando, pararam no convento das "Clarissas Pobres" em Arcella, um povoado situado na periferia de Pádua e que havia um convento franciscano. Na sexta-feira a tarde do dia 13 de junho de 1231 recebeu os sacramentos e se despediu de todos e ainda cantou seu hino mariano favorito, "O gloriosa Domina". Depois ergueu os olhos para o céu e disse “Vídeos Dominum meum” (Estou vendo o Senhor). Pouco depois morreu. Frei Antônio tinha 36 anos de idade.
Sua morte foi logo anunciada aos cidadãos de Pádua de modo maravilhoso: sem que ninguém dissesse, as crianças de Pádua ficaram inquietas e começaram a dizer pelas ruas: “Morreu o padre santo. Morreu o padre santo”.
Santuário de Arcella
Local da morte de Santo Antônio
Houve muita disputa no enterro, pois alguns queriam que fosse enterrado onde morreu, em Arcella, outros no convento de Santa Maria, em Pádua. Mas finalmente, foi sepultado em Pádua, numa terça-feira, 17 de junho de 1231.

Basílica de Santo Antônio - Pádua, Itália

Túmulo de Santo Antônio


SUA CANONIZAÇÃO

Foi tanta a repercussão de sua morte e tantos os milagres, que, onze meses após sua morte, na festa de Pentecostes, no dia 30 de maio de 1232, foi canonizado na catedral de Spoleto, pelo papa Gregório IX, este foi o mais rápido processo de canonização de um santo na história da Igreja.

Em 1263, quando seu corpo foi exumado, sua língua estava intacta e continua intacta até hoje, numa redoma de vidro, na Basílica de Santo Antônio, em Pádua, onde estão seus restos mortais.

Em 1946 é oficialmente proclamado Doutor da Igreja por Pio XII, sendo-lhe atribuído o epíteto de Evangélico pelo vasto conhecimento das Sagradas Escrituras patente nos seus Sermões.

Se sua missão durou menos de 10 anos, a influência de suas palavras e suas ações tiveram um alcance internacional para o presente.

Relíquias de Santo Antônio - ossos

Relíquias de Santo Antônio - língua


ALGUNS MILAGRES DE SANTO ANTÔNIO

  • O Jumento se Curva Diante da Eucaristia

Durante uma pregação, cujo tema era a Eucaristia, levantou-se um homem dizendo: “Eu acreditarei que Cristo está realmente presente na Hóstia Consagrada quando vir o meu jumento ajoelhar-se diante da custódia com o SS. Sacramento”. O Santo aceitou o desafio. Deixaram o pobre jumento três dias sem comer. No momento e lugar pré-estabelecido, apresentou-se Antônio com a custódia e o herege com o seu jumento que já não agüentava manter-se em pé devido ao forçado jejum. Mesmo meio-morto de fome, deixou de lado a apetitosa pastagem que lhe era oferecida pelo seu dono, para se ajoelhar diante do Santíssimo Sacramento.

  • Sermão aos Peixes

Santo Antônio foi pregar na cidade de Rímini, onde dominavam os hereges que resolveram não ouvi-lo em hipótese alguma. Frei Antônio subiu ao púlpito e quase todos se retiraram e fugiram. Não esmoreceu e pregou aos que tinham ficado. Inflamado pela inspiração Divina, falou com tal energia que os hereges presentes, reconheceram seus erros e resolveram mudar de vida. Mas o Santo não estava contente com o resultado parcial  Retirou-se para orar em solidão, pedindo ao Altíssimo que toda a cidade se convertesse.
Saindo do retiro, foi direto às praias do Mar Adriático e, em altos brados clamou aos peixes que o ouvissem e celebrassem com louvores ao seu supremo Criador, já que os homens ingratos não queriam fazê-lo. Diante daquela voz imperiosa, apareceram logo os incontáveis habitantes das águas, e se distribuíram ordenadamente, cada qual com os de sua espécie e tamanho. Os peixes ergueram suas cabeças da água e ficaram longo tempo imóveis, a ouvi-lo.

  • O Prato Envenenado

Alguns hereges resolveram matar Santo Antônio, envenenando-o. Convidaram-no para comer com eles, dando como pretexto debater sobre alguns pontos da Fé. Santo Antônio sempre aceitava comparecer a esses debates e polêmicas. Os hereges puseram diante dele, entre outros pratos, um que continha veneno mortal. Antes que o tocasse, Deus revelou-lhe a cilada e o Santo, conservando toda a calma, repreendeu os hereges pela traição.
Vendo revelado o intento perverso, os hereges não se abalaram e responderam cinicamente: "É verdade que esse prato tem veneno, mas nós o colocamos aí porque desejamos fazer uma experiência: no Evangelho está escrito que Jesus Cristo disse aos seus discípulos que ainda que tomassem veneno mortal nenhum mal sofreriam e estamos querendo saber se és de fato discípulo de Cristo". Santo Antônio fez o sinal da Cruz sobre aquele prato e o comeu com apetite, saboreando a comida envenenada como se fosse alimento saudável, e nada sofreu, deixando mais uma vez os hereges confusos e assombrados.

  • O Milagre da Bilocação (estar em dois lugares ao mesmo tempo)

No domingo de Páscoa enquanto pregava na Catedral, Santo Antônio lembrou-se de que fora designado para entoar a Alleluia na Missa que se celebrava naquele momento na Igreja do Convento franciscano. Não querendo faltar com a obediência e não podendo descer do púlpito, parou um pouco, calou-se como se estivesse retomando a respiração e, nesse momento, foi milagrosamente visto no Coro de seu convento, entoando a Alleluia. Esse prodigioso milagre de bilocação foi assistido e certificado por muitas testemunhas, espalhando-se a notícia em todos os locais.

  • Controle sobre o Tempo

Num dia festivo, em Limoges, na França, Santo Antônio pediu licença para pregar numa igreja paroquial. Como era imensa a sua fama, povo deslocou-se para o local, mas o recinto era pequeno para acolher toda aquela gente e foi obrigado a pregar em praça pública. Mal havia começado o sermão, o céu escureceu  e muitos relâmpagos e trovões anunciavam uma grande tempestade.
O povo, preoculpado, começou a murmurar e já se dispunham a sair dali em busca de abrigo. Mas Santo Antônio pediu silêncio e, em nome de Deus, assegurou que não choveria naquele local, recomendando a todos que ficassem atentos à pregação. Tranqüilizados, os fiéis ouviram o sermão até o fim. Quando se retiravam para suas casas, verificaram com muita admiração, que embora estivesse perfeitamente seco o local da pregação, toda a redondeza estava completamente alagada pela chuva da forte tempestade.

  • Santo Antônio Cura um Louco

No meio de um sermão de Santo Antônio, entrou um louco e, com voz alterada e gestos desordenados, perturbava os ouvintes que não conseguiam prestar atenção nas palavras do pregador. De repente, o louco disse: "Não sossegarei enquanto aquele homem (e apontou para Santo Antônio) não me der o cordão que usa na cintura". O Santo retirou o cordão e com ele envolveu o louco que foi imediatamente curado.

  • Menino Salvo pela Fé

Santo Antonio pregava em Briba, quando uma senhora, apressada para assistir seu sermão, deixou sobre o fogo um caldeirão com água, sem se lembrar  de que seu filho pequeno ficara só em casa.
Ao chegar da pregação, viu com horror que o menino havia caído dentro do caldeirão e que a água estava fervendo. Bem se pode imaginar os gritos de desespero que deu a pobre mãe! Não ousava aproximar-se, certa de que encontraria a inocente vítima horrivelmente queimada e morta. Mas, cheia de fé em Santo Antônio, invocou-o e quando aproximou-se seu filho estava são e salvo, brincando e pulando na água fervente, sem que esta lhe queimasse.

  • Criada Caminha sob Forte Chuva sem Molhar as Roupas

Certo dia, faltando alimentos no convento de Briba, Frei Antônio mandou que fossem pedir a uma senhora devota, dona de uma grande propriedade, a esmola de algumas verduras. Apesar de estar chovendo fortemente, a piedosa senhora ordenou a uma criada que fosse apanhar as verduras na horta distante da casa.
A criada obedeceu contrariada, pois chovia muito. Foi quando se deu conta de que, apesar da chuva torrencial que caía, não estava molhando nem os pés, nem as roupas que vestia. Chegou à horta, colheu as verduras, foi entregá-las no convento e retornou à casa completamente seca. Tanto ela, quanto sua senhora, ficaram assombradas diante daquele prodígio e não cessaram de contar a todos, os altos merecimentos do Santo.

  • Santo Antonio Ressuscita um Morto

Vinha Frei Antônio e um companheiro pelo caminho, voltavam de uma aldeia carregando grande peso às costas, quando encontraram um carroceiro que carregava um homem adormecido. O Santo, muito cansado, pediu-lhe por amor de Deus que levasse alguns víveres que ele e seu companheiro haviam recebido de esmola para o sustento da comunidade.
O carroceiro respondeu rudemente que não podia fazê-lo porque estava conduzindo um defunto. O Santo acreditou, rezou pelo descanso eterno da alma do falecido e continuou seu caminho. Qual não foi o espanto do carroceiro quando, mais tarde, foi acordar o amigo que supunha adormecido e o encontrou realmente morto!
Confuso e arrependido, foi em busca de Santo Antônio e prostrou-se aos seus pés, pedindo-lhe humildemente perdão. Frei Antônio se compadeceu do homem, aproximou-se da carroça e depois de uma curta oração, fez o sinal da Cruz sobre o cadáver e o ressuscitou.

  • Salvou um Homem da Morte por Esmagamento

Durante a construção do convento de Leontino, aconteceu o seguinte milagre: Estava sendo transportada uma grande pedra para o portal da igreja em uma carroça. Ao ser retirada, caiu sobre o carroceiro esmagando-o, deixando-o quase morto. Frei Antônio, querendo por humildade ocultar seu dom de fazer milagres, disse aos presentes que invocassem o auxílio de São Francisco. Imediatamente o homem ferido levantou-se perfeitamente são, como se nenhum acidente tivesse ocorrido.

  • A Cura de um Menino Paralítico

Aproximou-se de Santo Antonio uma mulher trazendo nos braços um filho paralítico de nascença e rogava em altos brados que o curasse. O Santo manifestou certo desagrado por aquela forma ruidosa de pedir, mas a mulher continuou a implorar.
Tanto ela pediu e suplicou, que este, afinal, fez sobre o menino paralítico o "sinal da cruz", curando-o imediatamente. Com modéstia, atribuiu o milagre à fé da boa mulher e recomendou-lhe que não contasse o ocorrido à ninguém enquanto ele fosse vivo.

  • Reconstituiu um Pé Decepado

Um jovem chamado Leonardo confessou-se com o Santo e contou-lhe que, levado pela cólera, havia dado um pontapé em sua mãe. Frei Antônio, para fazê-lo compreender a gravidade do pecado que cometera, disse-lhe: "Teu pé bem que merecia ser cortado". Essas palavras impressionaram tão fortemente o jovem, que este,chegando em casa, aterrorizado com o que fizera, cortou fora o pé. Na hora em que caiu ao chão, fez um ruido tão grande que sua mãe correu para ver o que estava acontecendo. Horrorizada com a cena e por saber as razões pelas quais o filho assim procedera, correu em busca de Frei Antônio, que foi apressadamente à casa do rapaz. Comovido pelo estado em que o encontrou, quase à beira da morte pelo sangue perdido, animou-o a ter confiança em Deus. O rapaz e o Santo pegaram o pé cortado, recolocaram-no e imediatamente foi restaurado. Ficou tão perfeito como se nunca houvesse sido cortado, com apenas pequena cicatriz no lugar do golpe para testemunho do grande milagre realizado.

  • Morto Falou em Defesa do Pai de Frei Antonio

Um rapaz foi assassinado perto da casa de Martinho de Bulhões, pai de Santo Antonio. Os  assassinos levaram o corpo para o quintal de Martinho e ali o enterraram, sem que o proprietário do terreno soubesse. Mais tarde, foi descoberto pela Justiça o corpo na casa do infeliz fidalgo e este foi acusado pelo crime. Diante dos gravíssimos indícios de sua culpa, permaneceu quinze meses preso e, finalmente, estava sendo julgado e seria com certeza condenado à morte.
Frei Antônio foi misteriosamente avisado do perigo que ameaçava seu pai. Santo Antonio foi imediatamente pedir ao Guardião do convento que o deixasse ausentar-se de Pádua por pouco tempo. Assim que foi autorizado, viu-se transportado num instante à Lisboa, indo direto ao tribunal e, depois de beijar a mão de seu pai em sinal de respeito, tomou a sua defesa. Os juízes ficaram impressionados com o aparecimento daquele inesperado advogado e com a segurança com que ele falava, mas não se convenceram da inocência do réu, tantas eram as provas que tinham de sua culpa.
Faltando testemunhas de defesa, Santo Antônio apelou para o depoimento da vítima. Os assistentes, surpresos com a estranha proposta, começaram a rir. Mas Frei Antônio insistiu e os juízes levados pela curiosidade, consentiram que ele chamasse o morto como testemunha da defesa. Chegados à sepultura do falecido, o Santo ordenou que a abrissem e chamou o frio cadáver em voz alta, ordenando-lhe em nome de Deus que dissesse aos juízes a verdade sobre o seu assassinato.
Imediatamente o morto levantou-se como se estivesse vivo e respondeu com voz sonora que Martinho de Bulhões era inocente e não estava manchado pelo seu sangue. Em seguida, deitou-se na sepultura. Santo Antonio, depois de se despedir do pai, desapareceu. Ficaram os juízes e a assistência assombrados com o milagre que acabavam de presenciar. O nobre Martinho de Bulhões, graças ao seu santo filho, teve sua vida salva. Os verdadeiros culpados foram descobertos.

  • Recupera os Cabelos Arrancados de uma Mulher

Em Arezzo vivia um homem nobre, mas tão colérico que quando se irritava parecia perder o juízo. A esposa, senhora de muito siso e prudência, teve um dia a infelicidade de proferir umas palavras que irritaram o marido a tal ponto que ele se atirou sobre ela espancando-a cruelmente, chegando a lhe arrancar os cabelos.
Com os gritos da infeliz, os vizinhos correram para acudi-la, encontrando-a quase morta na cama. O marido, depois de serenar, envergonhou-se do que tinha feito e lembrando-se da fama de Santo Antônio, foi procurá-lo arrependido, pedindo que o ajudasse.
O piedoso Santo foi logo procurar a senhora, abençoando-a e, fazendo o sinal da Cruz sobre ela, começou a rezar. Pouco a pouco ela foi recuperando o antigo vigor e, milagrosamente, quando se ajoelhou aos pés do Santo, renasceu todo o cabelo.

  • Conserva um Copo Intacto e Faz Nascer Uvas numa Videira sem Frutos

Um soldado espanhol chamado Aleardino, que havia perdido a Fé, chegou à Pádua no dia do enterro de Santo Antônio. Vangloriando-se de sua incredulidade, segurou um grande copo de vidro e disse a muitas pessoas que o censuravam: "Se este copo ficar inteiro depois que eu o atirar àquelas pedras, acreditarei que esse padre faz milagres". E atirou o copo com toda a força, mas ele não se partiu. Renunciou então  seus erros publicamente e quis converter a um amigo também incrédulo. Chegou, pois, ao amigo e lhe contou todo o acontecido, mostrando-lhe o copo objeto do prodígio.
O amigo ouviu-o com risadas e sinais de desprezo e respondeu: "Não acredito no que dizes. O que estás dizendo é tão impossível como aquela videira sem frutos, de repente, ficar carregada de ramos e cachos, e nós, com suas uvas, fazermos vinho para encher teu copo milagroso!" Mal acabara de falar, a videira se encheu prodigiosamente de folhas e belos cachos de saborosas uvas, as quais, espremidas por Aleardino, encheram o copo com seu licor maravilhoso. Esse copo ainda hoje se conserva no relicário da Basílica de Santo Antônio, em Pádua.

  • O Menino Jesus Aparece para o Santo

Certa vez, Santo Antônio precisou de alojamento em Pádua e um senhor nobre, da família dos Condes de Camposampiero, teve a honra de o acolher em sua casa. Uma noite, vendo do lado de fora do quarto de Frei Antônio alguns raios de luz, aproximou-se e viu o Santo segurando nos braços um gracioso Menino que suavemente o acariciava.
Ficou cheio de espanto por tão extraordinária maravilha. Compreendeu que se tratava do Menino Jesus que se tornara vísivel ao Santo para recompensá-lo com celestes consolações pelas fadigas sofridas. Enquanto ainda observava, o Menino desapareceu. Saindo do extâse, Frei Antônio deixou o quarto e dirigiu-se ao dono da casa, dizendo que sabia que ele o havia observado durante a aparição. Pediu então com insistência que não revelasse o que tinha visto. O senhor cumpriu a palavra, somente revelando o fato depois da morte do Santo. A história o tocara profundamente e todas as vezes que a relatava, não conseguia reter as lágrimas.
Igreja construída sob o local da
aparição de Jesus a Santo Antônio

ALGUNS PENSAMENTOS DE SANTO ANTÔNIO

“O paraíso é a primeira casa do homem”.

“Onde houver justiça, aí haverá sabedoria, e onde houver sabedoria, aí está o paraíso”.

“O paraíso é a terra dos vivos, possuída pelos humildes”.

“Celebramos a festa dos santos para aprender com o exemplo de suas vidas”.

“Os santos nasceram para o bem do mundo porque a santidade é uma virtude que acaba beneficiando a todos”.

“A pobreza reveste a alma de virtudes, as riquezas temporais a desnudam”.

“É raro o dano que não provenha da abundância”.

“Deus é Pai de todas as coisas. Suas criaturas são irmãos e irmãs.”

“A pobreza do filho de Deus foi tamanha, que na morte não teve sudário em que fosse envolvido nem túmulo em que fosse sepultado, se não lhe fossem dados, a titulo de misericórdia e de esmola, como se tratasse de pobre mendigo”.

“Como o homem exterior vive do pão material, o homem interior se alimenta do pão celeste, que é a Palavra de Deus”.

“Quem não ouve a Palavra de Deus e não observa a lei da caridade queima em vão o incenso da oração”.

“A palavra é viva quando falam as obras. Cessem, pois, as palavras e falem as obras. Estamos cheios de palavras mas vazios de obras!”

“Escuta como a Escritura consola o que padece tribulação: Quando tu passares pela água, eu estarei contigo e os rios não te cobrirão. Quando caminhares por entre o fogo, não serás queimado e a chama não arderá em ti, porque eu sou o Senhor teu Deus”.

“Assim como no favo há mel e cera, também na vida do homem justo há o mel da doçura interior e a cera da adversidade. A cera funde-se e desaparece na presença do fogo, na presença do amor divino”.

“Toda obra boa toma seu princípio na humildade”.

“A humildade é a mais nobre de todas as virtudes”

“A casa compreende alicerces, paredes e teto. Os alicerces simbolizam a humildade; as paredes o conjunto das virtudes: o teto a caridade. Onde estes três elementos se encontram reunidos, aí está o Senhor”.

“A pregação deve ser sólida, isto é, rica da plenitude das boas obras, propondo palavras verdadeiras, não frívolas, não apenas bonitas”.

“A pregação deve ser reta, não vá o pregador desfazer em suas obras o que disse no sermão. De fato, perde-se a autoridade de falar, quando a palavra não é ajudada pelas obras”.

“O estrume reunido em casa exala mau cheiro; disperso, fecunda a terra. Assim acontece com as riquezas: devem ser dispersas, isto é, distribuídas e restituídas aos pobres, que são seus donos, e assim hão de fecundar a terra do espírito e fazê-la frutificar”.

“Só te pertence o que podes levar contigo na morte”.

“Como o ouro está acima de todos os metais, assim a ciência sagrada sobressai a toda ciência”.

“A vida contemplativa não foi instituída por causa da ativa, mas a vida ativa por causa da contemplativa”.

“Também o corpo tem seus profetas que lhe dizem: 'Para que serve o teu jejuar? Para que toda essa tortura? Vais adoecer; tornar-te-ás tão fraco que não poderás ser útil nem a ti nem aos outros'. Entretanto, a respeito desses videntes está escrito: 'Teus profetas anunciam a ti mentiras e engano”.

“A doutrina de Cristo parece dura, porque ensina a dominar o corpo e desprezar o mundo. Por isso não se gosta de escutá-la”.

“Praticar uma boa obra é orar sem interrupção”.

“Somos templos de Deus e santos, se formos contemplativos, renunciando aos bens temporais; se mortificarmos nossa carne; se nos compadecermos do próximo”.

“O Espírito Santo é enviado pelo Pai e pelo Filho. Os três são de uma só substância e de inseparável igualdade. A unidade está na essência; a pluralidade nas pessoas”.

“Assim como a moeda se cunha com a imagem do rei, também nossa alma é gravada com a imagem da Santíssima Trindade”.

“Bem-aventurado o ventre da gloriosa Virgem, que mereceu trazer por nove meses todo o bem, o sumo bem, a felicidade dos anjos, a reconciliação dos pecadores”.

“Cristo na verdade veio em nosso socorro ao dar-nos sua divindade e aceitar nossa humanidade, para que pudéssemos ser aceitos no reino de Deus, uma vez que dele estávamos excluídos. Para que tivéssemos acesso ao céu, ele o deixou”.

“Porque o homem estendeu sua mão para apossar-se da glória da majestade divina, Deus se desfez da sua poderosa glória e na sua humildade se acomodou ao homem”.

“Alma de santo algum reuniu tantas riquezas de virtudes como a de Maria Santíssima. Por causa da insígnia da sua humildade, da flor ilesa da sua virgindade, mereceu conceber e dar à luz o Filho de Deus”.

“Maria é a estrela do mar. Ela é a estrela deslumbrante, que ilumina a noite e guia ao porto”.

“Maria: nome amável aos anjos, terrível aos demônios, salutar aos pecadores, suave aos justos”.

“Maria Santíssima ao dar a luz o Filho de Deus o envolveu em paninhos da áurea pobreza. Ó ouro ótimo da pobreza! Quem não te possui, ainda que possua todas as coisas, nada possui”.

“Quando te sorriem prosperidade mundana e prazeres, não te deixes encantar; não te apegues a eles; brandamente entram em nós, mas quando os temos dentro de nós, nos mordem como serpentes.”

“Uma água turva e agitada não espelha a face de quem sobre ela se debruça. Se queres que a face de Cristo, que te protege, se espelhe em ti, sai do tumulto das coisas exteriores, seja tranquila a tua alma.”

“A paciência é o baluarte da alma, ela a fortifica e defende de toda perturbação.”

“Ó meu Senhor Jesus! Eu estou pronto a seguir-Te mesmo no cárcere, mesmo até a morte, a imolar a minha vida por Teu amor, porque sacrificaste a Tua vida por nós.”

“Como os raios se desprendem das nuvens, assim também dos santos pregadores emanam obras maravilhosas. Disparam os raios, enquanto cintilam os milagres dos pregadores; retornam os raios, quando os pregadores não atribuem a si mesmos as grandes obras que fazem, mas à graça de Deus.”

“Ó Senhor! Dá-me viver e morrer no pequeno ninho da pobreza e na fé dos Teus Apóstolos e da Tua Santa Igreja Católica.”

“Neste lugar tenebroso, os santos brilham como as estrelas do firmamento. E como os calçados nos defendem os pés, assim os exemplos dos santos defendem as nossas almas tornando-nos capazes de esmagar as sugestões do demônio e as seduções do mundo.”